O Município


HISTÓRIA
NOSSOS ÍNDIOS


 Há 500 anos, não existia um povo chamado brasileiro, fluminense, carioca ou casimirense. Quem morava aqui, nessa época, eram outros povos que foram denominados genericamente de ÍNDIOS pelo colonizador europeu - o nome índio esconde centenas de nações independentes, que falam línguas diferentes, têm história própria, organização social e crenças religiosas peculiares.


 Os índios que habitavam no atual território do município de Casimiro de Abreu pertenciam à família PURI e falavam as línguas GOITACÁ (que viviam no litoral) e GUARULHO (que viviam nas matas).


 Os GOITACÁ já habitavam no litoral.


 Os GUARULHO foram trazidos de suas terras, do outro lado da Serra dos Órgãos, pelo sistema de "descimento" para formarem o aldeamento da SACRA FAMÍLIA DE IPUCA, com o frei Capuchinho Francisco Maria Talli, no lugar hoje conhecido por Aldeia Velha, onde construíram, por volta de 1748, a Capela da Sacra Família.


 Arruinada a capela e devido à ocorrência freqüente de surtos de epidemias na localidade, foi a sede da freguesia transferida para junto da foz do rio São João, onde em 1748 era erigida a primeira Capela dedicada à Sacra Família de Ipuca.Tendo a povoação nascente recebido, em 1761, foros de freguesia, sob a denominação da Sacra Família de Ipuca, declarada perpétua em 1800.


 Em 1619 ocorreu a fundação do Arraial de Barra de São João, com a construção de uma capela em homenagem a São João Batista pelos jesuítas, na foz do rio São João.


 VILA


Por força da Deliberação de 31 de agosto de 1843, o Governo provincial aprovou a demarcação dos limites da povoação de Barra de São João, realizada por uma Comissão criada por força de Portaria datada de 13 de maio de 1843. Três anos mais tarde, o progresso verificado na florescente localidade era tal, que o governo, por efeito da Lei nº 394, de 19 de maio de 1846, elevou-a à categoria de vila, com a denominação de Barra de São João, conservando os limites da freguesia em que ela estava colocada. Ao que se sabe, só 13 anos após a assinatura dessa Lei, conseguiram os habitantes de Barra de São João cumprir o disposto no art. 2º do Decreto citado, que determinava que a vila não seria instalada enquanto não se construísse um edifício para as sessões da Câmara, pelo que, só em 15 de setembro de 1859 verificou-se a sua instalação.


 Logo de início esse município teve regular desenvolvimento no que concerne à agricultura e, até os fins do século XIX, conseguiu manter essa situação. Com a Lei da Abolição dos Escravos, a exemplo do que sucedeu com os demais municípios fluminenses, Barra de São João também sofreu um declínio notável na sua produção agrícola. Mais tarde, depois de 1890, devido ao desajustamento da economia municipal, provocado pela assinatura da Lei Áurea, a sede da comuna foi deslocada ora para Indaiaçú, ora para Barra de São João, até que a Lei nº 1989, de 10 de novembro de 1925, veio fixá-la em Indaiaçú que passou a denominar-se Casimiro de Abreu, por força da Lei nº 2013, de 23 deste mesmo mês e ano. Em 31 de março de 1938, por efeito do Decreto-lei estadual nº 392-A, o município de Barra de São João teve o seu nome alterado para Casimiro de Abreu.


 O PORTO


No século XIX veio a florescer o Porto de Barra de São João, com função de coletar e exportar para o Rio de Janeiro, a produção cafeeira de Cantagalo. À exportação da produção, se somava a importação clandestina de escravos, que deveriam fortalecer o núcleo portuário.


 ESTRADA DE FERRO


Na década de 1880, foi construída a linha férrea, com vistas a levar à Macaé os trilhos da futura Leopoldina Railway.


 Junto às estações, nasceram os povoados de Indayassu(*), Professor Souza, Rio Dourado e Rocha Leão.


 A construção da ferrovia e a decadência da função portuária em Barra de São João culminaram com a transferência da sede do município de Barra de São João para Indayassu, em 1925.


 Paralelamente ocorreu o abandono progressivo dos engenhos e fazendas, assolados por surtos de malária e a conseqüente desvalorização da terra.


(*) Em todos os registros antigos a palavra Indayassu aparece com "y" e "ss".


 ATRAVÉS DAS DÉCADAS


Na década de 40, entretanto, a ocupação territorial originada com a estrada de ferro foi pouco expressiva.


 A situação de estagnação perdurou até a década de 50, quando, vindos do Espírito Santo, chegaram os primeiros desbravadores do território casimirense, Manoel Antunes de Siqueira e José Lopes.


 As décadas de 60 e 70 trouxeram o turismo-veraneio para as vilas de Barra de São João e Rio das Ostras e abriu novas perspectivas agrícolas, com a abertura e asfaltamento da Rodovia Amaral Peixoto-RJ 106, a pavimentação da BR 101 e a construção da ponte Rio-Niterói.


 Da década de 50 à década de 70, o município teve a sua população duplicada, foram feitas as instalações do novo prédio da Prefeitura Municipal e do Posto de Saúde Estadual, foi inaugurada a luz elétrica e foi lançado o jornal O CASIMIRENSE, do jornalista Alberto Norberto Cabral.


 Na década de 80 vale destacar a criação do SAAE - Serviço Autônomo de Água e Esgoto, instituído pela Lei Municipal nº 192 de 1º de dezembro de 1987.


 A década de 90 traz a emancipação do 3º distrito, Rio das Ostras, a construção da E. E. Agrícola Casimiro de Abreu, a implantação da Fundação Municipal Casimiro de Abreu, a implantação da Biblioteca P. M. Farias Brito, a criação da Casa de Cultura Estação Casimiro de Abreu e a Organização do G.R.E. de Samba Estrela do Oriente em homenagem ao Bloco de mesmo nome que desfilava em Casimiro de Abreu, há 50 anos.


 PREFEITOS MUNICIPAIS DE CASIMIRO DE ABREU


Alpheu Marchon - 1927


Carlos Honório Berbert - 1929 a 1935


Joaquim Nunes Rosa - 1936


Benvindo Tallis Brandão - 1936


José Jorge - 1937


Benvindo Tallis Brandão - 1938 a 1941


Waldemar Pimentel Maia Bitencourt - 1942 a 1946


João dos Santos Pessoa - 1947


Dr. Zorobabel Alves Barreiras - 1947


Joaquim Barros da Motta - 1947 a 1950


Oscar Carvalho Jardim - 1951 a 1953


Paulo Pinheiro - 1953 a 1955


Joaquim Barros da Motta - 1955 a 1959


Paulo Pinheiro - 1959 a 1963


Wilson de Barros Vieira - 1963 a 1967


José Bicudo Jardim - 1967 a 1971


Célio Sarzedas - 1971 a 1973


Wilson de Barros Vieira - 1973 a 1977


Célio Sarzedas - 1977 a 1983


Nasin Pereira Gonçalves - 1983 a 1988


Célio Sarzedas - 1989 a 1992


Paulo Cézar Dames Passos - 1993 a 1996


Ramom Dias Gidalte - 1997 a 2000


Paulo Cézar Dames Passos - 2001 a 2004


Paulo Cezar Dames Passos – 2005 a 2008


Antônio Marcos de Lemos Machado - 2009 a 2012





COSTUMES E FORMAÇÃO CULTURAL DO MUNICÍPIO DE CASIMIRO DE ABREU


O município de Casimiro de Abreu, com uma população de 30.572 (estimativa IBGE/2009)habitantes, tem em sua formação cultural a contribuição das populações indígenas - os Goitacá e os Guarulho, dos portugueses - que vieram colonizar, escravizar e "levar" nossas madeiras e riquezas, dos negros africanos - trazidos como "peças" para o trabalho escravo e dos suíços, iludidos pelo Rei D. João VI com propostas de terras e benefícios para a colonização brasileira, estabelecendo a Nova Friburgo (1822), em terras cuja posição do terreno "torna a cultura bastante difícil".


 A presença dessas etnias pode ser percebida nos usos e costumes cotidianos de nosso município.


 No apego à vida em meio à natureza, no prazer de vários banhos por dia, no gosto pela farinha de mandioca, no conhecimento das ervas medicinais, na pesca, na coivara (queimadas) - os índios; nas festas e na religiosidade católicas, na bacalhoada, no apreço ao ouro e ao vinho - os portugueses; nos cultos afro-brasileiras, no samba na feijoada, na capoeira, nas cores fortes em roupas e objetos, na ginga, na utilização da cachaça - os negros.


 A presença suíça pode ser reconhecida a olho nu, quando nos dirigimos à área serrana: pessoas de pele muito clara e rosada, olhos de um azul muito forte ou bem claros e a feitura de pães de raízes cozidos em fornos caseiros.


Não podemos deixar de citar também a migração de capixabas e mineiros, na década de 50, trazendo a cultura do café, a folia de reis, entre outras contribuições.


É importante também que tenhamos clareza quanto à circularidade cultural. Ou seja, nenhuma cultura é pura. Os grupos étnicos ao entrarem em contato com outros grupos acabam por assimilar suas culturas, bem como transmitir as culturas do seu próprio grupo. É a cultura que se preserva, que se dilui em outras culturas, conservando características próprias ao mesmo tempo que se renova.
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 Baseado em trabalho apresentado por Sonia Regina Siqueira da Silva